Adaptação.equals((R)evolution)

Douglas Bianchezzi
4 min readMay 31, 2020

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Penso que todos já entenderam o buraco onde viemos parar em 2020.

E nas últimas semanas, tenho percebido que as organizações começaram a ver mais claramente os impactos que a pandemia vai trazer aos negócios num curto espaço de tempo.

Acho utópico afirmarmos que escritórios vão desaparecer, e que o Home Office vai dominar. Mas novamente, tenho convicção de que muitas empresas passarão a olhar com outros olhos para seus modelos de gestão e negócio, no que gosto de chamar de ‘pré-pós-pandemia’.

Entretanto hoje quero lançar luz sobre algumas coisas que tem acontecido recentemente na minha vida como professor universitário, e que acredito que possa servir como inspiração para uma porrada de outros educadores e empreendedores, ou colaboradores de companhias que estão passando por esse momento cheio de perguntas e poucas respostas.

Tudo é uma questão de adaptação

Por mais que você se recorde da frase ‘o mais forte sobrevive’, isso é pensamento pilha errada. Darwin dizia que era o mais apto às mudanças que iria dominar a porr# toda. E acredito que a pandemia deixou isso ainda mais claro, bem rápido aliás.

Nas semanas onde o negócio desenrolou de vez aqui no Brasil já pudemos sentir bem isso. Posso dizer que profissionalmente, este momento tem sido o mais desafiador da carreira até então. E sempre brinco que quando tudo isso acabar (partindo da ideia de que sobreviverei), quero colocar uma nova sessão no meu CV: Especialista em Gestão de Crises Pandêmicas.

Essa ‘piadola’ é valida não apenas para o cenário empresarial. Como disse, a vida de educador do ensino superior se mostrou duramente desafiadora.

Se no final do ano passado alguém tivesse cantado essa pedra, eu honestamente, nem nos sonhos mais pessimistas imaginaria que esse custo bateria for real.

Países colapsando. Governos mostrando sua verdadeira face. A falsa dicotomia de Economia x Saúde… Essas coisas são aterradoras de serem vistas. É literalmente ver a história sendo escrita, de um jeito doloroso.

Porém, nem somente de tristezas este momento tem se construído. Em meio a este caos instaurado, a criatividade das organizações ganha espaço, e departamentos dedicados inteiramente a desenvolver soluções para enfrentar a pandemia, ganham cada vez mais espaço.

A verdade é que empresa nenhuma quer quebrar neste momento tão promissor para tal. E inevitavelmente, sem aporte emergencial, a tendência é que sim, muitas acabem sendo esquecidas… E é neste palco que muitas Instituições de Ensino Superior seguem lutando.

Como é sabido, o crescimento das faculdades nos interiores de estados, iniciado em meados dos anos 90, acabou criando bolsões muito profundos com relação a sabotagem e saturação de determinadas carreiras. E agora, na segunda década do século XXI estamos enxergando claramente um momento de adaptação forçada dessas intuições com menos de 30 anos de experiência. Colégios vem passando por isso. Cursos técnicos, Cursinhos pré-vestibular, Cursos de idiomas… todos esses caras estão tendo de dar a cara a tapa para conseguirem levar didática, prática e interação com os acadêmicos a um novo patamar. E na boa… isso não é nada fácil.

Gigantes da educação que nunca haviam considerado o modelo de aulas online tendo de desenvolver plataformas da noite para o dia… Ferramentas de vídeo conferência explodindo em número de downloads… tudo isso são reflexos da ‘crise’.

E, vejam só que interessante, a capacidade dos educadores de se adaptarem, e se reinventarem é de longe, o aspecto mais motivacional ao meu entendimento. Em uma quinta-feira eu estava em sala de aula falando sobre uma atividade com meus alunos, e na terça eu estava assistindo online à apresentação destes seminários.

Uma das coisas que mais tenho orgulho neste ano, é de efetivamente ter assumido responsabilidade em disciplinas acadêmicas totalmente inovadoras, e com uma pegada de gestão estratégica adaptativa. E que ficaram extremamente claras, agora. No meio dessa zorra toda.

Acredito que com a mesma força de vontade com que migramos para o modelo de ensino remoto, devamos buscar criatividade para criar ambientes interativos, e que propiciem uma absorção totalmente nova por parte dos acadêmicos.

Construir conhecimento da forma como se fez no último século não faz mais sentido. A pandemia demonstrou que ou a pedagogia se modica para conseguir enraizar os conteúdos independente da abordagem presencial, ou estaremos construindo uma geração de profissionais que não saberão se adaptar as reais necessidades do mercado. Mercado, que inclusive se reinventa com uma velocidade assombrosa, com ou sem pandemia.

Há muito sou um crítico das teorias abordadas no ensino superior, ora visto que os conteúdos que se aplicam aos acadêmicos hoje, amanhã podem já não ser os mais importantes para o desempenhar da profissão ou das atividades.

E por isso meus caros, com o mesmo afinco com que os profissionais da educação têm se atualizado, buscando alternativas de engajar e se fazer entender… Os acadêmicos também precisam desenvolver essas competências. Sabe-se há muito que as tais Soft-Skills tem estado cada vez mais em holofote devido a sua aplicabilidade profissional, e acredito piamente que este deva ser o objetivo da aprendizagem neste momento tão delicado.

Afinal, o ‘pré-pós-pandemia’ logo irá se transformar no ‘pós-pandemia’.

Quão preparados acadêmicos e docentes estarão quando isso acontecer?

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Douglas Bianchezzi

College Teacher at @FaculdadeMaterDei. @EXIN Instructor Brazil; Executive at @DB1